Agentes químicos em ambientes internos estão associados à baixa qualidade do ar. Saiba como combater os contaminantes e evitar danos à saúde.

A qualidade do ar interno (QAI) foi estabelecida como ciência a partir da década de 1970 devido à crise energética e à construção desenfreada de edifícios sem qualquer tipo de ventilação natural. Após um período, descobriu-se que a falta de troca de ar nesses ambientes é responsável pela elevação da concentração de poluentes no ar interno.

A carência de ventilação adequada e a manutenção precária dos sistemas de climatização são um dos principais fatores que levam ao surgimento de agentes químicos no local, causando a má qualidade do ar interno.

Segundo o The Nacional Institute for Occupacional Safety and Health (NIOSH), dos Estados Unidos, dentre os principais sintomas de pessoas ocupantes dos ambientes insalubres destacam-se as infecções, as reações alérgicas e irritantes, dores de cabeça e articulações, irritação nos olhos, nariz e garganta, tosse seca, dermatites, fadiga, dificuldade de concentração, congestão, falta de ar, asma brônquica, perda de produtividade e a ausência frequente ao trabalho conhecida como absenteísmo.

Além disso, os agentes químicos no ar interno ainda provocam a Síndrome dos Edifícios Doentes (SED) que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma situação na qual os ocupantes ou usuários de um edifício específico apresentam sintomas sem origem determinada e sem a possibilidade de constatação de uma determinada etiologia, sendo, portanto, desconhecida.

Para promover um ambiente saudável, é necessário aliar a aplicação de legislações específicas, como a resolução nº 176 constituído pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que instrumentaliza as equipes profissionais envolvidas no controle de qualidade do ar interior e estabelece critérios que informam a população sobre a qualidade do ar em ambientes climatizados artificialmente, com a conscientização dos gestores e ocupantes dos edifícios para disseminar a informação de como evitar e combater a poluição química interior.

O que são agentes químicos?

A norma ISO 4225 define agentes químicos como sendo as substâncias emitidas para a atmosfera, tanto aquelas originárias da atividade humana, quanto provindas de processos naturais que prejudiquem o ser humano e o ambiente.

Ou seja, os agentes químicos no ar interno são todos os elementos orgânicos ou inorgânicos, naturais ou sintéticos, que podem ser lançados no ar e em quantidades que provoquem danos à saúde das pessoas ou impactos ambientais. Sendo assim, para ser considerado contaminante químicos, são determinantes os seguintes fatores:

  • Quantidade da substância presente no ar inalado;
  • Capacidade de infiltração dos agentes químicos no organismo e sua solubilidade no sangue;
  • Composição química dos contaminantes, fator que estabelece a toxicidade;
  • Tempo de exposição e frequência da exposição ao longo do tempo;
  • Tipo de trabalho realizado pelo colaborador ou presentes no ambiente, pois quanto maior o esforço, maior é o volume de ar inspirado e, por consequência, maior a quantidade de agentes químicos inalados.

Quais são as formas dos agentes químicos e como evitá-los?

Os agentes químicos presentes no ar interno, geralmente, estão conectados aos Sistemas de Climatização e outros tipos de contaminantes. Por isso, é preciso identificá-los, conhecer suas origens e formas de proliferação para elaborar procedimentos de controle. De acordo com o Ministério da Saúde e a Anvisa, existem algumas maneiras de evitar tais agentes químicos no ar interno:

Monóxido de carbono (CO)

O CO consiste em um gás incolor subproduto da combustão de materiais que possuem carbono em um ambiente com falta de oxigênio. O monóxido de carbono origina-se da exaustão de automóveis, encontrado em grande quantidade em garagens próximas ao espaço habitável, além de aquecedores a gás, chaminés, lareiras abertas, aquecedores de água e fogões. No entanto, quando os equipamentos encontram-se em boas condições de manutenção e estão sendo usados de forma adequada, produzem baixa quantidade deste agente químico. Dessa maneira, é fundamental que haja averiguação constante dos aparelhos.

Dióxido de carbono (CO²)

Produzido por meio da combustão de combustíveis fósseis e processos metabólicos, este é responsável pelo controle da frequência de respiração do ser humano. O aumento do nível deste elemento provoca a sensação de falta de ar, infecções respiratórias e, em casos mais graves, enfisema pulmonar.

A elevação deste agente químico em ambientes internos e climatizados é causado, principalmente, pelo número de ocupantes, já que é lançado no ar por meio do processo de respiração. Sendo assim, é importante aumentar a renovação do ar e ter uma quantidade de indivíduos de acordo com a capacidade do ambiente. 

Além disso, fogões a gás e aquecedores não ventilados também são responsáveis pela elevação da taxa desse agente químico. Por isso, o ideal é restringir as fontes de combustão e o usar exaustores.

Óxido de nitrogênio (NO)

Este agente químico é um gás venenoso, inodoro e incolor, gerado a partir de combustão a alta temperatura. Penetra em ambientes por meio dos sistemas de captação quando estão colocados no nível da rua, uma vez que sua formação provém da queima de combustíveis em motores veiculares.

Ele pode interferir no transporte de oxigênio para os tecidos, provocando até edema pulmonar quando é inalado em grandes quantidades. Desse modo, é preciso manter um exaustor em áreas em que ocorre combustão e, especialmente, impedir a infiltração de NO² proveniente de fontes externas.

Dióxido de nitrogênio (NO²)

Quando o óxido de nitrogênio é emitido, rapidamente se combina com o oxigênio, se transformando no dióxido de nitrogênio (NO²), igualmente tóxico. Este é produzido a partir da queima de combustíveis orgânicos em aparelhos como fogões e aquecedores, além da fumaça de cigarro. Para evitar esse agente químico, o Ministério da Saúde recomenda a restrição de fontes de combustão, o uso do exaustor em locais como cozinhas e evitar o tabagismo em áreas fechadas.

Formaldeído

O formaldeído é um importante produto químico industrial usado para fazer materiais de construção e limpeza. É um dos compostos considerados voláteis, isto é, pode se transformar em gás a temperatura ambiente. Devido a sua fácil solubilidade e alto teor reativo, pode irritar qualquer parte do corpo humano que possua umidade, como olhos e sistema respiratório.

Altas concentrações de formaldeído podem ser emitidas em escritórios e residências em razão da liberação através de placas usadas em móveis, madeira prensada, fibras de vidro, colas, tintas e até mesmo papel de parede. Neste cenário, é necessário ficar atento aos materiais de construção, acabamento, mobiliário adquiridos e produtos de limpeza utilizados, fazendo uma seleção daqueles que emitem menos formaldeído.  

O que fazer para combater os agentes químicos no ar interno?

O ar interno pode ser melhorado através de requisitos básicos. O primeiro deles é a ventilação adequada, já que este é um dos principais fatores que interferem na qualidade do ar interno. Por isso, o sistema de ventilação deve não só fornecer o ar externo, mas também atuar na retirada do ar carregado de agentes químicos de dentro do edifício a fim de proporcionar taxas adequadas de ventilação.

Sendo assim, para ter um edifício saudável e um ar interno livre de contaminantes químicos, o monitoramento da concentração de contaminantes, como detecção de gases, se apresenta como uma medida que garante a segurança de todos e também cumpre com as legislações. Todo o processo deve ser realizado com o apoio de uma equipe especializada no ramo, pois a consultoria mostrará todos os pontos falhos e indicará os métodos ideais a serem adotados.

Além disso, a manutenção de filtros e sistemas de climatização é essencial para garantir uma boa qualidade do ar interno, pois processos eficientes de limpeza e higienização aprimoram o fluxo de ar e ainda mantêm a eficiência da capacidade de funcionamento do ar-condicionado. Caso não ocorra limpeza e manutenção, os aparelhos podem emitir contaminantes no ar, além de bactérias e fungos que causam danos à saúde.

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