Com o trabalho remoto e híbrido, empresas investem em tecnologias para fazerem o monitorar remoto.
O trabalho híbrido ganhou força durante a pandemia e é uma forte tendência no mercado de trabalho para 2022. A fim de aumentar a produtividade e a eficiência dos colaboradores em home office, as plataformas de monitoramento remoto e ferramentas para medir a produtividade passam a ser usadas na gestão de pessoas. Mas quais são as suas vantagens e qual é o limite para o Big Brother corporativo?
Monitoramento remoto cada vez mais preciso
Atualmente, já é possível acompanhar quais sites foram visitados pelos colaboradores, quanto tempo é gasto em diversos aplicativos e até os movimentos feitos com o mouse.
O software Productivity Score, criado pela americana Microsoft, mede a produtividade ao identificar tudo o que o colaborador faz durante o expediente de trabalho em seu computador. A ferramenta permite identificar quem desliga a câmera nas reuniões, quantos e-mails foram enviados e até quanto tempo a pessoa ficou em frente ao computador. Indo além, a Sneek, outra ferramenta americana, tira fotos pela webcam em períodos predeterminados (5, 10 e 15 minutos), e a Einable usa a inteligência artificial para calcular em quanto tempo os trabalhadores remotos executam suas tarefas, atribuindo pontuações.
Qual o real impacto do monitoramento remoto?
Se por um lado essas tecnologias estão sendo úteis para que os gestores possam supervisionar a força de trabalho remota, por outro lado, há controvérsias, pois a medida pode passar a imagem de uma empresa autoritária e intrusiva, na direção oposta da gestão do bem-estar (linkar), tida como uma tendência.
Conforme explica o articulista Bernard Marr no artigo “As 5 maiores tendências no ambiente de trabalho para 2022”, publicado no site da Forbes, “ainda não se sabe se o efeito será um aumento na produtividade ou inibidor nas liberdades individuais”. Além do mais, as plataformas não fazem uma análise métrica. Isto é, o funcionário pode ter ficado 8 horas em frente ao computador, mas qual a garantia do que ele estava realmente fazendo nesse tempo?
O monitoramento remoto perante a lei
A lei permite o monitoramento remoto dos colaboradores, mas segundo a Lei Geral de Proteção da Dados (LGPD), ele “deve ser usado de forma moderada e limitado ao uso de dados relacionados ao trabalho”, não sendo permitido que as informações obtidas pelas companhias através da vigilância se tornem públicas. Além de que, o funcionário deve ser informado sobre o monitoramento assim que contratado ou comunicado previamente, de forma clara e transparente, caso a utilização dos sistemas de monitoramento passe a ser feita após a contratação. O princípio é o de que todos têm que estar cientes das políticas adotadas no local de trabalho.
E do outro lado da tela?
Outra questão controversa sobre o monitoramento remoto é o uso da tecnologia a favor do colaborador. Como pontua a advogada trabalhista Luana Pontes de Noronha, do escritório Boretto e Noronha Advogado, “com o trabalho remoto as empresas deixaram de pagar horas extras (porque não controlam a jornada). Mas os trabalhadores estão trabalhando muito mais, sem a remuneração adequada”. Segundo ela, “seria interessante o acesso dos funcionários aos relatórios de monitoramento, pois alguns empregadores não estão respeitando o horário comercial e nem o intervalo intrajornada, já que aplicativos de conversas instantâneas, como o Whatsapp, não são monitorados e muitas demandas são feitas por esse meio, fora do horário do expediente”.
Tendo o home office como um caminho sem volta, fazer a gestão de equipes à distância e com eficiência vai demandar o uso de novas tecnologias, mas vai, principalmente, demandar um novo entendimento acerca das relações entre os líderes e suas equipes e até do conceito de gestão. No final, a forma como essas ferramentas são utilizadas é que vai definir o sucesso do método, pois a diferença entre o veneno e o remédio está na dose.
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