A relação entre diversidade e rentabilidade das empresas já foi apontada por diferentes estudos. Um deles, de 2020, realizado pela consultoria McKinsey em 15 países, incluindo o Brasil, mostra que as empesas que veem a diversidade como parte da estratégia de seus negócios podem lucrar até 21% acima da média de mercado. Além disso, equipes diversificadas ajudam a criar ambientes que abraçam e apoiam diferentes visões e perspectivas, promovendo uma cultura de inovação 600% maior, conforme a pesquisa Getting to Equal 2019: Creating a Culture That Drives Innovation, realizada pela consultoria Accenture. São empresa que estão, ainda, alinhadas ao pilar Social do ESG, sendo, portanto, melhor avaliadas pelos stakeholders.

Mas o que realmente é uma empresa diversa? Em artigo publicado no site da Exame, o diretor geral para a América do Sul da empresa global de recrutamento especializado Robert Half, Fernando Mantovani, define o clima inclusivo como “aquele onde as pessoas se sentem seguras e apoiadas para serem quem são, com tratamento justo, acesso às mesmas oportunidades, reconhecimento e valorização. É um espaço no qual elas sabem que podem se expressar e que serão ouvidas com atenção e empatia”.

Para se chegar a esse clima, além da diversidade, mais dois atributos são necessários – equidade e inclusão, formando o trio resumido pela sigla DEI. Para a efetividade desse posicionamento, as três práticas devem ocorrer simultaneamente.

Diversidade, equidade e inclusão, qual o papel de cada uma?

Embora os três conceitos andem lado a lado, eles são diferentes. Cada um cumpre seu papel específico, mas complementando o outro

A diversidade “refere-se a qualquer característica que diferencia um indivíduo do outro”, segundo a plataforma Singuê, que oferece programas de DEI. Essas diferenças podem ser culturais, religiosas, intelectuais, físicas, de ideias e opiniões, etnia, orientação e opção sexual, gênero, por geração, entre outros. Muitas empresas já estão em movimento para promover a diversidade de gênero, etnia e sexualidade, por exemplo, mas como mostrou uma reportagem do Valor Econômico, cada vez mais companhias também estão empenhadas em incluir em suas políticas de diversidade pessoas neurodiversas – com dislexia, transtorno do déficit de atenção, hiperatividade, síndrome de Tourette, entre outras.

Já a equidade consiste em garantir a todos o acesso às mesmas oportunidades, independentemente de suas características e diferenças. É eliminar possíveis barreiras que impedem um determinado grupo de participar de alguma ação na empresa, ou seja, é a justiça natural, como define o dicionário, que contempla a predisposição para reconhecer imparcialmente o direito de cada um e atendê-lo de acordo com as especificidades de cada indivíduo.

Inclusão, por sua vez, é a percepção de pertencimento de cada indivíduo no ambiente corporativo, seja este quem e como for. Em uma empresa inclusiva, as pessoas se sentem valorizadas, respeitadas e encorajadas a participar plenamente, de forma autêntica. 

Como implantar um programa de diversidade, equidade e inclusão?

Criar um ambiente diverso, com equidade e inclusivo, requer um trabalho integrado entre todos, pois as questões passam por mudanças não só estruturais e de processos, mas também comportamentais.

A Equalweb, empresa global cuja missão é tornar a internet acessível a todos, coloca como primeiro passo a formação de equipes diversas. “A partir do momento em que a empresa forma times plurais, a transformação começa a acontecer”.

Paralelamente, informação e conhecimento são as chaves para qualquer transformação. Praticar a escuta ativa, respeitando o lugar de fala dos diferentes grupos e pessoas, ler sobre a experiência de empresas que já estão em estágios mais avançados desse processo e ouvir a experiência de quem já passou por essa virada de chave podem ajudar. No artigo Diversidade e Inclusão: As soluções e o apoio do Facilities em ações específicas, publicado no site ABRAFAC, a Facilities Manager da Shell, Ana Cláudia Morrissy Machado, apresenta cases sobre essas questões e dá dicas de como conduzir o processo de DEI nas corporações.

Um ambiente mais diverso é construído por todos, de forma integrada, transversal e contínua. O reflexo vai estar não só nos indicadores de desempenho da empresa, mas na construção de uma sociedade mais equilibrada, justa e sustentável.