No facilities management as mulheres ainda são minoria. Construir um setor mais igualitário é fundamental para a expansão do FM.

Embora o número de mulheres com ensino superior completo seja maior em comparação aos homens, a desigualdade de gênero ainda persiste no mercado de trabalho.  É o que aponta o estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgado pelo IBGE. O desequilíbrio é ainda mais acentuado em cargos de gerência. Dados do Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos mostram que apenas 25% dos cargos de gerente de instalações são ocupados por mulheres.

Mulheres no facilities e os desafios

No setor de manutenção, por exemplo, apenas 20% das empresas possuem mulheres, segundo estudo publicado no Brasil. A falta de demanda e a suposta falta de força física foram as principais justificativas dada pelos gestores. 

Já os operadores reconhecem que as mulheres podem ser contratadas em todas as áreas. Isso inclui mais técnicas, mas admitem existir um preconceito arraigado de que a manutenção é uma “atividade para homens”. Muitos deles também admitem – muito mais do que os gestores – que há uma cultura de machismo e preconceito dentro do setor.

Considerando a necessidade de uma manutenção cada vez mais inteligente, com foco preventivo e preditivo, que envolve planejamento, monitoramento, análise, operação e atenção aos prazos, as justificativas tornam-se ainda mais descabidas. Além disso, como mostrou o estudo do Center for Creative Leadership, as equipes mistas tendem a ter um desempenho muito melhor.

Mulheres no facilities: Quem disse que o setor é de homens?

Embora as mulheres no FM ainda sejam minoria, um estudo realizado por uma consultoria americana concluiu que elas são apaixonadas pelo que fazem. A maioria das entrevistadas, inclusive, descobriu seu interesse pela área de manutenção já durante seus estudos, seja no ensino médio ou técnico.

Algumas participantes afirmaram que queriam entender por que os equipamentos poderiam falhar, enquanto outras precisavam desmontar objetos para entender exatamente como eles funcionavam. Todas elas conseguiram superar com sucesso as dificuldades potencialmente relacionadas ao gênero.

Essas mulheres também acreditam que a manutenção industrial não deve ser vista como uma atividade exclusiva para profissionais do sexo masculino. O problema, no entanto, pode estar nos programas de recrutamento e nas políticas internas das empresas. De fato, 63% das profissionais entrevistadas acreditam que o setor não valoriza suficientemente suas habilidades.

Por outro lado, a área de serviços é uma das que mais acolhe mulheres. Na região metropolitana de São Paulo, 71% das mulheres ocupadas se concentram no setor, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Seade, em parceria com o Dieese.

O papel essencial das mulheres no mercado de trabalho

Embora diversas áreas do facilities possam parecer um nicho predominantemente masculino, as mulheres que trabalham no setor demonstram ter as mesmas habilidades e competências. Segundo um estudo da plataforma Cloverpop, times mais diversos tomam decisões melhores em 87% das situações e empresas que promovem a inclusão apresentam resultados 60% maiores do que a média.

Além disso, de acordo com o relatório Women in Business and Management: The Business Case for Change divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) – uma agência das Nações Unidas, quanto maior o número de mulheres em cargos de liderança dentro de uma organização, melhores são seus resultados.

O estudo analisou 70 mil empresas em 13 países e constatou que equipes mais diversas em termos de gênero apresentam ganhos em produtividade, rentabilidade, criatividade e inovação, com 57% dos entrevistados relatando uma melhora na imagem da empresa. A pesquisa também aponta que empresas com maior igualdade de gênero e mulheres em cargos de liderança atraem e retêm mais talentos, apresentando um crescimento de 10% a 15% em sua receita.

Seguindo essa importante mobilização, 60% da gestão no Grupo Paineiras é composta por mulheres. Inclusive, o cargo de CEO do Grupo conta com Nathalia Ueno, que também é vice-presidente executiva da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp).

Além disso, a Paineiras possui uma representatividade expressiva de mulheres em seu quadro de colaboradores, correspondendo a 79% do total, com garantia de igualdade salarial e de oportunidades.

Mudanças nas empresas de facilities

Construir um setor mais diverso e justo requer o trabalho em conjunto de todos, começando com a comunicação e a conscientização da importância dessa virada de chave. Isso ajudará a desmistificar a ideia de que a área é exclusivamente masculina, abrindo um novo leque de possibilidades para mulheres e apresentando uma série de novos talentos em potencial para as indústrias e para o setor como um todo.

Nas empresas extremamente desiguais, é importante que os gestores acompanhem o progresso de recrutamento e busquem entender se as candidaturas de mulheres estão aumentando e os motivos pelos quais são rejeitadas. Só assim poderão garantir que os Recursos Humanos não estão enviesados e que há um esforço para contratar mulheres ou, pelo menos, não rejeitá-las pelo seu gênero.

A própria entrevista de seleção pode ter uma abordagem preconceituosa, quando certas questões relacionadas aos cuidados do filho e da casa são direcionadas às mulheres.

Só a partir do reconhecimento do padrão sociocultural será possível começar a desconstruir preconceitos e desmistificar conceitos em um esforço coletivo para abandonar estereótipos e transformar a Manutenção e o Facility Management em um setor mais igualitário.

Mês das mulheres

Mesmo com a maior parte de seus colaboradores e gestores sendo mulheres, o Grupo Paineiras reconhece a importância de seguir ampliando o debate sobre igualdade de gênero no mercado de trabalho rumo à quebra de paradigmas. Como forma de reconhecer e apoiar a luta do sexo feminino nessa jornada, o Dia Internacional das Mulheres será celebrado com um presente que simboliza força e resiliência – uma planta suculenta personalizada.

“As suculentas são conhecidas por sua capacidade de sobreviver em condições extremas de seca e calor, o que as torna símbolos de resistência e força. Elas representam a ideia de que é possível superar adversidades e desafios, mantendo-se firmes e resilientes. Esse simbolismo pode ser equiparado com a luta das mulheres por equidade”, disse o executivo de marketing e comunicação da Paineiras, Humberto Feitosa. “No setor de FM, por exemplo, houve muitos avanços, mas a luta das mulheres continua, pois, embora elas tenham conquistado diversos espaços, ainda é uma área desigual”.