Depois de quase um ano frente aos desafios da pandemia do Coronavírus, uma coisa é certa: nenhum setor sairá desse momento da mesma forma como entrou. No setor de limpeza e conservação a transformação começou na própria maneira como esses serviços são vistos pelas pessoas, mas também na forma como são requeridos, monitorados e executados. A seguir, você confere sete transformações que devem ficar como um legado para a área de prestação de serviços de limpeza e conservação.

1. Um novo olhar para os serviços de limpeza

A excelência no serviço de limpeza por muito tempo era traduzida pela sua capacidade de parecer invisível. Afinal, perceber que um local foi limpo trazia implícita a mensagem de que ele esteve sujo. O objetivo, portanto, era manter o ambiente sempre tão limpo a ponto de o cliente final não se dar conta de quando o espaço havia sido higienizado.

A perspectiva se desdobrava em relação ao profissional de limpeza. Este, por sua vez, também tinha que se tornar invisível, cumprindo suas tarefas com a menor interferência possível no dia a dia dos ocupantes de uma edificação.  

Essa é a transformação mais perceptível que a pandemia trouxe para o setor de prestação de serviços de limpeza. Sabendo que a higienização é o principal instrumento de prevenção à disseminação da Covid-19, ela ganhou lugar de destaque. Não basta mais apenas limpar, mas mostrar que se limpou. Não basta mais que os espaços estejam limpos, mas eles precisam parecer estar limpos. Assim, a limpeza saiu da invisibilidade e virou personagem protagonista na busca por manter os ambientes seguros. Os profissionais, por sua vez, saíram da invisibilidade e ganharam o papel de heróis, como trouxe a campanha criada pela Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), acesse https://bit.ly/3oR058J e confira.

2. Novos processos e metodologia de higienização

A mudança processual de maior destaque, segundo a gerente operacional do Grupo Paineiras, Maria Aparecida Shiraishi, foi na frequência da limpeza nos ambientes, mas incluiu também novos tipos de higienização. “Processos que antes eram exclusivos de áreas sensíveis, como ambientes hospitalares, laboratórios e área de produtos alimentícios foram levados a ambientes corporativos. Reavaliamos tanto os processos, quanto a parte clínica de produtos”, elenca ela, acrescentando que “para atender a demanda trazida pela nova realidade criada pela pandemia foi criado um comitê com profissionais de diferentes especialidades da empresa, como as áreas de Produtos e Desenvolvimento, Operacional, Segurança do Trabalho e Treinamento”.

3. Novos produtos de limpeza

Com a chegada da pandemia, apenas limpar já não era mais o suficiente. Conforme explica a gerente operacional do grupo Paineiras – especializado em serviços terceirizados de limpeza e conservação, manutenção e segurança patrimonial, “é preciso garantir que o ambiente esteja desinfectado e proporcionar o maior tempo possível de desinfecção”. Assim, os processos de higienização, como a pulverização e a termonebulização, ganharam espaço. “Logo no início da pandemia diversos clientes solicitaram esse tipo especializado de higienização e pelo menos 20% deles mantiveram o processo na rotina”, afirma Maria. Então, o processo que antes era desdobrado em duas etapas – a de limpeza, com produtos multiuso neutro –, e a de desinfecção – com produtos específicas com função sanitizante –, foi integrado em um único, graças à escolha de um produto que agregasse as duas funções, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Pela Anvisa podíamos usar o cloro, o álcool 70% ou um produto desinfetante, assim como o quartenário de amônio, pois boa parte possui esse princípio ativo. Mas queríamos dar uma garantia maior, sem a agressividade do cloro, que é corrosivo e nocivo à saúde e ao meio ambiente – uma preocupação nossa também –, e sem a volatidade do álcool. Assim, passamos a utilizar o peróxido de hidrogênio, que alia o melhor entre efetividade desinfetante com o menor impacto para as pessoas e ao meio ambiente”, explica.

4. Pulverização e termonebulização

Ambos os processos de limpeza são feitos com um produto com função bactericida e germicida e têm o objetivo de levar a higienização, por meio de micropartículas, a locais de difícil acesso, como frestas e os poros de superfícies. A diferença é que as micropartículas da termonebulização são menores, criando uma fumaça com gotas com menos de 25 µm, portanto, não molham. Já a pulverização tem partículas um pouco maiores, criando uma espécie de efeito aerossol. Quando paradas, estas partículas molham levemente a superfície. Sendo assim, a termonebulização é mais indicada em ambientes internos, onde há equipamentos eletrônicos, por exemplo, enquanto a pulverização é recomendada para áreas maiores e externas.

5. Tecnologia como aliada – maquinário

Para acompanhar essa nova necessidade e o aumento da recorrência da limpeza, novos equipamentos também foram agregados aos processos para trazer mais otimização, que possibilitasse o aumento da frequência sem aumento de tempo dedicado ou de mão de obra. “Para suprir a necessidade e garantir a qualidade, trouxemos novos equipamentos, que garantiram mais produtividade com ganho de qualidade e melhor ergonomia aos profissionais. Assim, podemos fazer o tão desejado ‘mais e melhor’, com o mesmo efetivo de colaboradores. Agregamos também maquinários que antes não eram tão usuais, como o equipamento para fazer a termonebulização”, acrescenta Maria.

Equipamentos a bateria para eliminar o incômodo dos fios espalhados pelo espaço, o que pode gerar perda de produtividade com contratempos e até acidentes, e troca de processos manuais por mecanização, que reduziu a necessidade de três pessoas para realização de um trabalho a apenas uma, com um tempo menor de execução, foram outras mudanças impulsionadas pela nova realidade.

6. Monitoramento de qualidade

Com a cobrança por limpeza vinda de todos os lados, o nível de exigência também ficou maior e o monitoramento mais constante e assertivo. O Grupo Paineiras já disponibilizava o serviço de monitoramento de qualidade em tempo real por QR Code, mas com a pandemia o sistema passou a ser mais requisitado – um aumento de 30% na procura pelos clientes já existentes. “Antes de darmos início ao trabalho é feita uma análise e um diagnóstico a partir dos quais elaboramos um plano de trabalho, feito a quatro mãos, pela nossa equipe e pelo cliente. A equipe que executará esse plano passa por um treinamento e deve registrar cada ação usando o QR Code. Assim, é possível ter acesso a todas as ações e aos relatórios, inclusive, por fotos”, detalha a gerente operacional. O sistema possui uma ferramenta que permite que qualquer pessoa com um smartphone possa abrir um chamado, o que dá mais agilidade.

7. Mudança comportamental – o self cleaning

A pandemia também ampliou a responsabilidade individual para contenção da disseminação do vírus. Cada um deve ter seu comprometimento em usar máscaras, manter as mãos higienizadas, adotar a etiqueta respiratória e manter os espaços utilizados limpos.

O conceito de self cleaning, até então pouco disseminado, passou a ser essencial. Seja para conter gastos, uma vez que a limpeza precisava ser intensificada, mas os custos não poderiam aumentar devido à crise econômica que se desdobrava, seja para garantir a higienização ou até mesmo para dar ao usuário final esse empoderamento, para que ele se sentisse mais participativo e, consequentemente, mais seguro.

 Mas a implantação do conceito requer estudo, planejamento e profissionalismo. “Não basta disponibilizar qualquer produto e um pano para as pessoas. É preciso oferecer o produto correto, fazer um estudo orçamentário e de impacto econômico, a gestão desses suprimentos e trabalhar a comunicação para conscientização, aceitação, adesão e correta execução da limpeza pelos usuários em geral, que não são profissionais”, orienta Maria Aparecida.

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