Segundo o estudo “Mercado de Trabalho e Pandemia da Covid-19: ampliação de desigualdades já existentes?”, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), houve uma queda de 50% na participação de mulheres no mercado de trabalho durante a pandemia – cenário que só acentua as desigualdades de gênero. Como mostra a CEO e Fundadora da Gestão Kairós, Liliane Rocha, em seu artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em abril deste ano, “o Fórum Econômico Mundial mostra que serão necessários cerca de 257 anos para termos igualdade salarial entre homens e mulheres, enquanto estudos apontam que iremos demorar cerca de 129 anos para ter igualdade salarial entre brancos e negros”, resume ela, que também é autora do livro “Como ser um líder inclusivo”. Os dados demonstram apenas uma parcela do desafio da diversidade e inclusão nas empresas, que engloba também questões como orientação sexual, etnia, religião, deficiências físicas e mentais, entre outras. Mas a relação da diversidade e da inclusão com o potencial de inovação e maior competitividade, sinaliza a mudança de perspectiva.

Diversidade e inclusão, quebra de paradigmas e mudança cultural

A real inserção de práticas de respeito e valorização da diversidade e inclusão deve fazer parte da cultura organizacional. E como explica Liliane Rocha, que também é já foi eleita por três anos consecutivos como uma das 101 Lideranças Globais de Diversidade pelo World HRD Congress, na Índia, “a mudança de cultura somente pode acontecer de médio a longo prazo, de forma coordenada, com muito esforço, método e envolvendo toda a empresa”.

No Grupo Paineiras o tema faz parte do Programa de Atendimento de Excelência ao Cliente (PAEC), criado há 20 anos, e faz parte dos valores da empresa, representado no pilar “ser humano”, que traz a importância de valorizar o indivíduo, independentemente de suas características e opções. Entre as diversas ações que compõem o programa, estão as visitas aos clientes, que contribui para analisar o quanto os colaboradores estão integrados ao trabalho, também verificamos o conhecimento dos valores e políticas do Grupo e do cliente que mostra o quanto os colaboradores estão integrados com a filosofia de trabalho. Todos os quesitos geram uma pontuação e os melhores colocados concorrem a diversos prêmios no final do ano.

A relação da diversidade e da inclusão com a inovação das empresas

No estudo Getting to Equal 2019: Creating a Culture That Drives Innovation, a Accenture ouviu mais de 18 mil profissionais de 27 países e constatou que uma cultura de igualdade – o mesmo tipo de ambiente de trabalho que ajuda todos a avançar para posições mais altas – é um poderoso multiplicador de inovação e crescimento, podendo chegar a uma mentalidade de inovação seis vezes maior do que em empresas menos iguais.

O estudo caracterizou a cultura de igualdade pela presença majoritária de 40 fatores que influenciam o progresso no trabalho, resumidos em três pilares: liderança ousada (equipe de liderança diversificada que define, compartilha e mede as metas de igualdade abertamente), ambiente empoderador (que confia nos funcionários, respeita os indivíduos e oferece liberdade para ser criativo, treinar e trabalhar com flexibilidade) e ação abrangente (políticas e práticas favoráveis à família, que apoiam todos os gêneros e são isentas de preconceitos para atrair e reter pessoas).

Diversidade de pessoas, igualdade de oportunidades

Segundo o relatório da Accenture, a diversidade continua sendo um alicerce fundamental para o desencadeamento da inovação. No entanto, uma cultura de igualdade é um multiplicador essencial para ajudar a maximizar a inovação. Isso porque, em uma cultura de igualdade, as pessoas são realmente valorizadas por suas diferenças e são livres para serem quem são e têm o poder de contribuir. Nas culturas mais iguais e diversas, a mentalidade de inovação é 11 vezes maior do que nas culturas menos iguais e diversas. 

Benefícios comprovados da diversidade e inclusão nas empresas

Outros estudos também já apontaram a relação entre o sucesso empresarial aos temas de diversidade e inclusão. Um deles foi elaborado pela consultoria Deloitte em 2017, no qual 23% dos entrevistados disseram já ter deixado empregos para entrar em empresas mais inclusivas. Também de 2017, o estudo da consultoria McKinsey mostrou que empresas do quartil superior em diversidade de gênero nas equipes executivas tinham uma probabilidade 21% maior de ter margem EBIT superior à de seus pares do quartil inferior; além disso, tinham uma probabilidade 27% maior de criar valor no longo prazo do que seus pares do quartil inferior, medido pela margem de lucro econômico.

E a sua empresa já está trabalhando para criar uma cultura de diversidade e inclusão, desde o seu time de colaboradores até a seleção de parceiros e fornecedores?