A pandemia do novo Coronavírus revelou muitos heróis. Entre eles, os profissionais de limpeza, indispensáveis para manter os ambientes limpos e, consequentemente, contribuir para que eles sejam mais saudáveis e seguros. Duas pesquisas recentes reforçam o papel de protagonista desses profissionais e mostram o quanto eles estão expostos, arriscando sua própria saúde em detrimento de sua função e, portanto, deveriam fazer parte dos grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19. Ao menos os que trabalham em locais de maior risco deveriam estar entre as prioridades da campanha de imunização contra a Covid, pois, assim como os profissionais da saúde, os #heroisdalimpeza também são linha de frente.

Em uma pesquisa realizada pela Hospitallidade Consultoria, com a participação de 96 hospitais públicos e privados, para avaliar os impactos do Coronavírus nos serviços, 55,8% dos hospitais pesquisados apresentaram ao menos um colaborador (auxiliar de limpeza, camareira, copeira, auxiliar de rouparia etc.) infectado e positivado para a Covid-19. Destes, 18,6% afirmam que a transmissão ocorreu durante sua jornada de trabalho e 37,2% afirmam que não sabem ao certo a origem da transmissão. O estudo foi composta por 80% de hospitais privados e 20% de hospitais públicos (ou com contratualização com o Sistema Único de Saúde-SUS). A taxa de absenteísmo também apresentou aumento por conta da pandemia na maioria dos hospitais. Em apenas 31,4% ela se manteve estável. Vale lembrar que muitos colaboradores do grupo de risco e com comorbidades foram afastados de suas funções desde então, como destacou a matéria da revista Higiplus, publicação da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), que trouxe esses dados.

Os resultados preliminares de um inquérito sorológico feito com cinco mil funcionários do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) para mapear os riscos de contaminação dentro do ambiente hospitalar também demonstrou que os funcionários que trabalham nas áreas de limpeza, lavanderia e segurança da Instituição foram sete vezes mais infectados pelo Coronavírus do que médicos que atuam em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e têm contato direto com pacientes de Covid-19.

Segundo o estudo, enquanto apenas 6% dos profissionais que trabalham nas UTIs e têm contato direto com os doentes já foram infectados, 45% dos funcionários de setores como os de limpeza e segurança já contraíram o vírus.

Como afirmou para a revista Higiplus o professor de Imunologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (InCor HCFMUSP), Jorge Kalil, as prioridades de vacinação deveriam ser voltadas às pessoas mais expostas ao vírus em sua atuação. “No Brasil, deveria ter sido feito um estudo sobre esse cenário. Sem dúvida, os profissionais de saúde são os que estão mais expostos no dia a dia, atendendo diretamente o paciente no ambiente hospitalar, mas acredito que os profissionais de limpeza e de segurança de um hospital também deveriam ser vacinados”.

É por isso que o Grupo Paineiras também apoia a campanha #somoslinhadefrente, realizada pela Abralimp para destacar para a sociedade a importância desta atividade e incluir os trabalhadores do setor de limpeza entre os grupos prioritários de vacinação contra o coronavírus no País, selecionados pelo Governo, visando garantir que eles passem a atuar sem riscos.